Celebrado no dia 30 de março, o dia mundial do transtorno bipolar é o momento certo para abrir a mente sobre esse assunto tão importante. Esse dia de união, solidariedade e conscientização surgiu de uma iniciativa do International Society for Bipolar Disorders. Nesse cenário, a data possui como objetivo aumentar a conscientização e a aceitação da doença, eliminando preconceitos sociais e, consequentemente, valorizando o incentivo a um bom atendimento clínico e financiamento de pesquisas.
O transtorno bipolar é uma doença cerebral que causa mudanças anormais de humor, níveis de atividade e energia. Com um acompanhamento e estudos, esse transtorno pode ser diminuído e tratado. Que tal entender mais sobre esse assunto?
História e dados:
Você sabia que 30 de março é o aniversário de Vincent Van Gogh? O dia mundial do transtorno bipolar foi escolhido baseado em um dos principais destaques da pintura pós-impressionista. Com a morte deste artista, estudos indicaram que ele seria um provável portador de transtorno bipolar, por isso seu aniversário foi escolhido para representar essa doença. Toda a representação desse pintor holandês trouxe novas discussões e visibilidade para a causa.
O conceito moderno de doença bipolar foi iniciado na França, com os trabalhos de Falret (1851) e Baillarger (1856). Os conceitos seminais de Emil Kraepelin mudaram as bases da nosologia psiquiátrica, e o seu conceito unitário a respeito da “insanidade maníaco-depressiva” foi amplamente aceito e adotado.
Existem muitos dados relacionados à bipolaridade. Estima-se que, em uma escala global, exista uma porcentagem de 1%-2% chegando a 5%. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que o problema atingia cerca de 140 milhões de pessoas. O mais interessante é que essa doença apareceu mais em jovens entre os 15 e 25 anos.
Como explicar o transtorno bipolar?
A bipolaridade é um distúrbio psiquiátrico complexo, possuindo como característica mais marcante a alternância de episódios de depressão com euforia. Essas crises podem variar entre intensidades, como: leve, moderada e grave. Sua frequência e duração também podem vir a ser alteradas.
Dentro das categorias, existem algumas classificações entre os transtornos de acordo com o DSM.IV e o CID-10, (manuais internacionais de classificação diagnóstica). Confira:
- Transtorno Bipolar tipo I: nessa situação, o portador apresenta distúrbios de mania por, no mínimo, 7 dias. Em relação às fases de humor deprimido, elas podem durar de duas semanas a vários meses. Na fase de mania ou depressão, os sintomas se apresentam em grande intensidade, provocando mudanças comportamentais e de conduta, afetando diversos aspectos da vida. Esse quadro pode ser grave ao ponto de exigir internação por complicações;
- Transtorno Bipolar tipo II: esse é um cenário sem prejuízo maior para o comportamento e as atividades do portador. existindo uma alternância entre os episódios de depressão e de hipomania (estado mais leve de euforia, excitação, otimismo e, às vezes, de agressividade);
- Transtorno bipolar não especificado ou misto: nesse tipo de bipolaridade, o diagnóstico é apenas sugerido pelos sintomas, mas eles não são suficientes para classificar de fato algum dos tipos;
- Transtorno ciclotímico: é o quadro mais leve, levando destaque por mudanças crônicas de humor, podendo ocorrer no mesmo dia. Os sintomas de hipomania e depressão são leves, sendo entendidos como próprios de um temperamento instável ou irresponsável.
Causas da bipolaridade:
Ainda não existe nenhuma causa determinante para o transtorno bipolar, mas já existem conhecimento sobre fatores influenciadores, como: fatores genéticos, alterações em certas áreas do cérebro e os níveis de vários neurotransmissores. Mesmo com essas incertezas, já é determinado que existem alguns fatores que podem precipitar a manifestação desse distúrbio de humor em pessoas com fatores genéticos propícios. Alguns deles, são:
- Episódios frequentes ou iniciais de depressão;
- Puerpério;
- Estresse prolongado;
- Remédios inibidores de apetite;
- Disfunções da tireoide: hipertireoidismo e hipotireodismo.
Todo o processo de diagnóstico é clínico, baseado no relato de sintomas e no levantamento da história passado pelo paciente, amigo ou familiar. De um modo geral, normalmente se leva dez anos para uma determinação. Isso se deve a facilidade em que essa doença pode ser confundida com esquizofrenia, depressão maior, síndrome do pânico ou distúrbios de ansiedade. Isso só serve para intensificar a importância de estabelecer o diagnóstico diferencial, antes de propor qualquer intervenção.
Como funcionam os tratamentos?
O transtorno de bipolaridade não tem cura, mas com um tratamento adequado, ele pode ser controlado. Dentro desse período de cuidados, pode incluir o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças na rotina. Também incluem: desenvolver hábitos saudáveis de sono, alimentação e níveis de estresse.
Tudo isso varia de acordo com o estágio e o tipo da doença. Os medicamentos podem ser: neurolépticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, ansiolíticos e estabilizadores de humor. O carbono de lítio vem se mostrando super útil para o tratamento, revertendo os quadros agudos de euforia e evitando a recorrência das crises.
A psicoterapia é de super importância no tratamento da bipolaridade, oferecendo suporte para o paciente superar as características, traumas e outros pontos decorrentes da doença. Como destaque, ele promove a adesão ao tratamento medicamentoso, essencial no processo de tratamento e para toda vida.
Outras dúvidas:
“Quando surgiu o primeiro caso de transtorno bipolar?” Esse conceito moderno da bipolaridade foi originado na França, baseado nos trabalhos de Falret (1851) e Baillarger (1856). No caso dos conceitos seminais de Emil Kraepelin, eles mudaram as bases da nosologia psiquiátrica e o conceito unitário sobre a “insanidade maníaco-depressiva”, onde foi amplamente aceita e adotada.
“Quem tem transtorno bipolar é inimputável?” Quando conclui-se que um indivíduo apresenta doença mental na forma de transtorno bipolar, considera-se inimputável. Essa classificação se deve a avaliação de responsabilidade penal, tendo extrema importância em todo processo para que se possam aplicar medidas de segurança ou sanções penais e correcionais adequadas a cada caso.
“O que acontece no cérebro de uma pessoa com transtorno bipolar?” As conexões nervosas são comprometidas e, com o avanço da doença, ocorre a perda de células e atrofia de regiões específicas do cérebro.
Conhecimento em primeiro lugar:
Depois de entender melhor sobre o transtorno bipolar e tirar algumas dúvidas, cuide mais de si mesmo e de quem você ama! Muitas doenças são carregadas de preconceitos que tornam todo processo de tratamento e aceitação social em algo difícil e cansativo.